Muitas vezes recebo pacientes que tem uma regular higienização dos seus dentes e frequentam com alguma regularidade os consultórios dentários, mas mesmo assim convivem com a atividade de cárie em seus dentes...
Então fica a pergunta o que posso estar fazendo de errado?
Pois então respondo: sua dieta...
Inúmeras observações, realizadas nas três últimas décadas, constataram a importância dos hábitos alimentares (dieta) na etiologia da cárie dentária. A dieta compreende tudo aquilo que é ingerido pelo indivíduo, independente do seu valor nutricional. Portanto, os fatores dietéticos exercem influência direta/local sobre os dentes.
De fato temos que o açucar e seus disfarces : bolachinha, pães, bolos, balas...etc aumentam a incidência da doença cárie...
A dieta primitiva dos seres humanos mostra baixos índices de cáries dentárias. Porém, isso mudou com a introdução do açúcar e grãos de cereais processados em suas dietas. Pode-se observar que, com a modernização no mundo e o elevado padrão de vida, ocorreu uma mudança também nos padrões alimentares, sendo evidenciado grande aumento no índice de lesões cariosas ao ser adotada uma dieta com alto consumo de produtos vendidos em lanchonetes, padarias e com grande conteúdo de açúcares.
A cárie está diretamente relacionada à introdução dos carboidratos refinados na dieta da população, principalmente a sacarose, que é considerada o dissacarídeo mais cariogênico, sendo este o mais presente na dieta familiar em quase todo o mundo.
O processo cariogênico começa com a produção de ácidos, quando o produto de metabolismo bacteriano ocupa a placa dentária. A descalcificação da superfície continua até a ação de tamponamento salivar ser capaz de elevar o pH acima do nível cítrico. Posteriormente, a placa se combina com o cálcio e endurece, formando o tártaro ou o cálculo, irritando também a gengiva.
Segundo dados recentes, o consumo médio de açúcar estimado no Brasil é de 132 gramas pessoa/dia. É um consumo alto, visto que países como EUA e Portugal apresentam um consumo médio de 87 e 84 gramas pessoa/dia, respectivamente.
Na dieta familiar, o açúcar mais presente é a sacarose refinada, a qual é encontrada em produtos como balas, chocolates, refrigerantes, sucos industrializados, bolos, etc...
Um importante fator na prevenção da cárie dentária é a diminuição do consumo do açúcar. Portanto, o aconselhamento dietético, visando alterações nos hábitos alimentares, é de suma importância para o paciente na prevenção e tratamento da cárie dentária.
Fatores nutricionais relacionados à cariogenicidade:
- Alimentos cariogênicos: alimentos ricos em carboidratos, principalmente refinados (açúcar e doces);
- Alimentos cariostáticos: não contribuem para a cárie. Proteínas: peixes, carnes, frango, ovos. As gorduras também não contribuem para o aparecimento de cáries, pois formam um película oleosa nos dentes;
- Água: a ingestão de água, além de ser necessária para as funções vitais do organismo, é importante para o mecanismo de limpeza dos dentes;
- Fibras: são importantes para a limpeza e pelo favorecimento da irrigação dos dentes;
- Seqüência e combinação dos alimentos. Por exemplo, comer vários biscoitos doces de uma só vez é mais cariogênico do que comer vários biscoitos ao longo do dia;
- Vitaminas: são importantes, já que a Vitamina A, por exemplo, é necessária para o tecido epitelial e reepitelização e ativação da ceratina-dentina responsável pelo esmalte dos dentes. A Vitamina D é importante para absorção de cálcio e fósforo - importantes para a dentina e síntese dos ossos. Evitando a desmineralização do esmalte, pode-se prevenir a formação de cárie.
Os programas de prevenção de cáries se concentram em uma dieta balanceada, modificação das fontes e quantidades de carboidratos fermentáveis e integração de práticas de higiene oral no estilo de vida das pessoas.
O aconselhamento dietético é fundamental para qualquer programa de prevenção e manutenção de saúde bucal, visto que os hábitos dietéticos adquiridos na infância formam a base para o futuro padrão alimentar. Nele deve-se levar em conta, porém, a realidade em que a criança vive, tendo como objetivo central a utilização racional de açúcar.
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